60 anos: Jornalista Assis Chateaubriand passou para a História

A capa da edição do Jornal O DIA que circulou em 6 de abril de 1968 destaca três notícias principais: as mortes de figuras públicas, que geraram comoção em níveis distintos. No canto superior direito da primeira página, uma foto do ex-prefeito de José de Freitas, Edgar Gaioso, acompanha a notícia que informa sobre seu falecimento, ocorrido na manhã do dia 5.

A metade inferior da capa dá espaço ao texto que anunciava o assassinato do pastor estadunidense, vencedor do prêmio Nobel da Paz e líder de movimentos de combate ao racismo, Martin Luther King, ocorrido na madrugada de 04 de abril daquele ano. No espaço mais privilegiado, a informação que havia falecido Assis Chateaubriand, o presidente de uma das maiores cadeias de meios de informação da história do país, os "Diários Associados".

"O embaixador Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo morreu, ante-ontem [4 de abril de 1968], às 21 horas, no Hospital Santa Catarina, em São Paulo. O estado de saúde do Presidente dos ‘Diários Associados' havia se agravado nos últimos dias. O fato levou os médicos assistentes à decisão de publicar boletins médicos diários com informações sobre a marcha do mal que o acometia. Seu estado, na quinta-feira [4 de abril], era desesperador", inicia o texto publicado na capa daquela edição.

Ainda na primeira página, a matéria sobre o falecimento do "velho capitão" prossegue: "Uma conferência médica se realizou às 21 horas daquele dia, afirmando seus assistentes que nada mais havia a se fazer, ficando de transmitir essa conclusão aos familiares e diretores associados".

"O primeiro boletim médico afirmava que ‘o jornalista Assis Chateaubriand vem sofrendo, dêsde janeiro último, complicações pleuropulmonares e digestivas decorrentes do processo paralisante que o acometeu há oito anos'", ressalta aquele destaque na capa, sobre o paraibano, que, desde 1960, sofria com os efeitos de uma dupla trombose cerebral - a formação de um coágulo no interior de um vaso sanguíneo.

Chateaubriand - ou simplesmente "Chateau", como era mais conhecido - nasceu na cidade de Umbuzeiro - PB. Estudou na Faculdade de Direito de Recife. Desde aquela época, já mostrava interesse pela imprensa, produzindo uma série de artigos para o "Jornal Pequeno" e o "Diário de Pernambuco", no ano de 1913.
Em 1916, Chateau assume uma cadeira de docente na Faculdade de Direito de Recife, mas por pouco tempo.

Um ano depois, o advogado segue para o Rio de Janeiro com o intuito de seguir carreira na advocacia. No entanto, acaba voltando ao jornalismo, assumindo o cargo de redator de uma série de jornais cariocas e sendo até mesmo correspondente do jornal argentino "La Nación".

A morte do "velho capitão" repercutiu
Além de informar sobre a morte de Chateau, aquela edição do Jornal O DIA ainda trouxe um texto opinativo, no qual destaca a importância do presidente dos "Diários Associados" para o País. "Chateaubriand marcou uma época - criando o maior império jornalístico e radiofônico da América Latina", inicia.

"Do legado que deixa à Nação brasileira destaca-se o MUSEU DE ARTES DE SÃO PAULO, cujo patrimônio é avaliado em CEM MILHÕES DE DÓLARES", ressalta em letras maiúsculas aquele artigo sobre a relevância de Chateau, que, além de jornalista e advogado, ainda investia na cultura por meio de mecenato.

A morte do presidente dos "Diários Associados" repercutiu ainda na Alepi. "A Assembléia Legislativa do Estado aprovou, ontem, por unanimidade, requerimento [...] no sentido de que fôsse inserido na ata dos trabalhos daquela Casa, votos de pesar pelo passamento do Embaixador Assis Chateaubriand", finaliza o texto sobre os efeitos da morte de Chateau.

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