Tudo começou em Umbuzeiro


Carmélia Soares e Eunice Lira relembram os momentos do criador dos Diários Associados Foto:Nelsina Vitorino/DB/D.A press





Edição de sábado, 2 de outubro de 2010




Terra natal do idealizador do Diário da Borborema, Assis Chateaubriand, conserva lugar onde ele nasceu
Severino Lopes // severinolopes.pb





O casarão antigo ainda conserva alguns traços que lembram a arquitetura original. A fachada é quase a mesma. O piso de mosaico também não foi substituído e preserva as mesmas pedras onde caminhou os pais de Assis Chateaubriand. A parede da frente pintada de verde apresenta algumas manchas brancas sinal de desgaste. Já foi pintada várias vezes.
s três degraus de cimento que dão acesso a porta principal foram construídos em uma das reformas do imóvel mas não descaracterizaram o local. A porta de madeira e os dois janelões nunca foram abertas. Quando foram colocadas, substituindo as peças antigas, Assis Chateaubriand já havia morrido.
Foi alí, na Rua Getúlio Vargas, nº 111, no centro de Umbuzeiro, cidade caririzeira na divisa da Paraíba com Pernambuco que tudo começou. Foi ali que a semente do Diário da Borborema nasceu. As paredes centenárias guardam o local onde nasceu o homem que ergueu o maior império da comunicação da América Latina. A casa em que Assis Chateaubriand nasceu é um tesouro histórico perdido em uma das regiões mais secas da região da Paraíba. Quem poderia imaginar que ali havia nascido um gênio que iria ganhar o mundo e colocar a Paraíba em notoriedade?

Mais de um século depois de ser construída, a casa onde nasceu Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, continua intacta. O local ainda é muito visitado. Ainda tem uma mística de valor histórico inestimável. A construção antiga, conjulgada em outras casas se destaca. Os atuais moradores do imóvel, o tabelião Marçal Alves Travasso, e a professora Rosa de Lourdes Leal Alves, evitam mudar a casa para não descaracterizá-la ou dá um toque diferente do que ainda resta da construção original. Na verdade a casa pertence a aposentada Eunices Lira Leal que doou para os filhos Rosa de Lourdes e Humberto Leal de Melo. Humberto abdicou de sua parte na herança deixando a casa para a irmã.

O casal sabe que sempre receberá visitas. Vez por outra são surpreendidos por visitas de estranhos e curiosos em busca de tesouros históricos perdidos. Mesmo tendo se passado tantos anos, o velho casarão ainda funciona como um museu que desperta a atenção de políticos, professores, estudantes, pesquisadores e até embaixadores, como foi o caso do embaixador da França. Em 1997 ele conheceu pessoalmente o lugar que produziu um dos mais ilustres e geniais personagens da história do Brasil. "A casa ainda é muito visitada. É gente de todo o Brasil e até do exterior", contou a professora de Umbuzeiro.

Rosa de Lourdes se orgulha de morar na casa que nasceu Assis Chateaubriand. A casa inicialmente percenteu aos seus avós José Luiz de Águiar e Iracema Lira de Aguiar. Já vai na terceira geração, o casal (José e Iracema) comprou a casa aos parentes de Chatô em 2 de junho de 1930 para transformá-la em uma loja. Eles moraram lá 65 anos.

Ao longo de mais de um século, a casa passou por algumas reformas. O terraço onde o pai de Chateaubriand, o advogado Francisco José Chateaubriand , armava a rede para tirar um "cochilo", não existe mais. A fachada também foi modificada.

"A casa preserva muita coisa da construção original", garante Humberto Leal, em pé em frente da casa ao lado do sobrinho José Victor. De lá a vista é bela. De frente foi erguido um busto em homenagem a Assis Chateaubriand, o filho mais ilustre da cidade. Uma árvore plantada bem na frente e por onde ele caminhou quando voltava a sua terra natal.



Fragmentos da história de Chatô


Na Rua Getúlio Vargas não é dificil encontrar a Carmélia Soares Dias. Aos 88 anos ela é uma das memórias vivas de Umbuzeiro. A aposentada, lembra bem como era Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. Ela conheceu Assis Chateaubriand pessoalmente. Falando baixinho, ela lembra do dia histórico em que Assis Chateaubriand voltou a terra natal para inaugurar o Posto de Pericultura, com a filha de Getúlio Vargas; bem como na entrega do campo de aviação da cidade. "Eu vi pessoalmente ele plantando o pé de umbú", relembrou.

Bem humorada, ela conta que Chateaubriand era uma pessoa brincalhona. Descreve com detalhes os traços do mais ilustres filho de Umbuzeiro. Era gago e andava devagar. "Ele era alto, magro, moreno, cabeça grande", descreveu.

Com a memória lúcida, dona Carmélia conta que a sua mãe assistiu o batizado de Assis Chateaubriand. E aponta para o local onde existia a igreja que Chatô se batizou. O Rei do Brasil, conforme descrição da aposentada Carmélia Soares, foi batizado nú e com uma cinta na cintura".

Assis Chateaubrind tinha o costume de levar autoridades para a sua terra natal. Conforme contou a aposentada Eunice Lira Lea, na solenidade de inauguração do busto do filho mais ilustre da cidade ele fez questão de levar várias autoridades para a sua terra.



Moradores da cidade sentem orgulho

Herdeira da casa onde nasceu Assis Chateaubriand, Eunice não teve a oportunidade de ver o Rei do Brasil pessoalmente como a amiga Carmélia. Mais parece ter sido amiga íntima dele de tanto ter ouvido os moradores mais antigos de Umbuzeiro falar de seus feitos. O pai de dona Eurice José Luiz de Araújo Aguiar, já falecido, estudou com Assis Chateaubriand. "Meu pai estudou com ele", conta citando nomes de figuras ilustres de Umbuzeiro como o tabelião Gonçalo Cavalcanti e o também 1º tabelião José de Souto Lima que fizeram parte da mesma turma.

Os moradores mais antigos recordam do feito de Assis Chateaubriand. Alguns tiveram o privilégio de ser os primeiros nordestinos a assistir televisão. "Ele deu esse prazer aos conterrâneos dele. Conheco algumas pessoas que estavam presente na solenidade", descreveu. Segundo dona Carmélia, Chateaubriand, instalou um aparelho de TV em frente ao Banco do Brasil, onde hoje encontra-se erguido o busto do jornalista, para que a população de Umbuzeiro assistisse pela primeira vez,a recém novidade que foi a chegada da Televisão no Brasil




Diário da Borborema

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